Nesta semana a queda da audiência das novelas globais levantou um debate daqueles calorosos, em que todos participam e dão seus “pitacos”. E de repente, fiquei com vontade de dar os meus.
É bem verdade que criticar é muito mais fácil do que fazer melhor, mas, como estamos num grupo onde todos estão em busca de um lugar ao sol, creio que é justo nosso direito de criticar, afinal de contas nos consideramos capazes de fazer melhor.
Muitos colocaram como grande causa da queda de audiência a questão das novas mídias e opções que surgiram de duas décadas pra cá. Tem lá seu fundo de razão.
Por outro lado, penso que o que determina o sucesso ou fracasso de um programa seja mesmo o seu conteúdo. Às vezes nem mesmo a qualidade é quesito essencial, veja o caso de “Pantanal”, “Chaves” e “Pica Pau” cujas fitas estão puídas e ainda são capazes de garantir bons índices no ibope.
Vamos analisar caso a caso:
Malhação - Dia desses estava acamado com dengue e não tive outra alternativa senão ficar na frente da TV. Eis que ligo exatamente no instante em que um grupo de adolescentes se dava as mãos, em volta de uma van, para exorcizar um suposto fantasma que estava possuindo o veículo. Achei aquilo ridículo! Com tantas novidades tecnológicas (já enumeradas aqui na lista) e toda a modernidade e precocidade em que vivemos hoje, é possível imaginar um adolescente interessado nisso? Os jovens de hoje estão interessados em tecnologia, sexo, drogas e rock in roll. Fiquei indignado com tamanha falta de criatividade e a banalidade dos temas abordados!
Cama de Gato - Esta novela começou bem e creio que esteja sendo vítima do famoso efeito verão: horário de rush, congestionamentos, calor, enchentes, etc. No geral a história vai bem. Minha única ressalva é Marcelo Novaes fazendo o papel do “songo-mongo” pela milionésima vez. Ninguém agüenta mais tanta chatice. É um ator de um papel só.
Tempos Modernos - Ainda não consegui identificar nenhum núcleo que se salve nessa história. Tudo é over e chato. Gritam o tempo todo. Atores em papéis inadequados e o que é pior: uma trama central sem o menor apelo. Não é novidade para ninguém que tramas com pano de fundo científico agradam a uma fatia reduzida da população, logo não é tema ideal para uma novela. Aquelas cenas do Juvenal Antena (ou seria Antonio Fagundes) desabafando com o robô Frank são patéticas... Querem uma opinião? Esta novela não tem salvação.
Viver a Vida - Até o nome é recauchutado. Creio que a maioria deve se lembrar que o Maneco escreveu uma minissérie na Rede Manchete com esse mesmo nome. Protagonizada por mais uma Helena (no caso dessa trama, sem história própria). E a mesmice continua: tem um Dr. Moretti, tem um hospital com seu núcleo de médicos, chefiados por uma tirana. Tem uma criança chata que age como adulto o tempo inteiro. Tem um marido violento e agressivo. Tem uma mulher infiel. Todos são ricos, ninguém trabalha, moram todos no Leblon ou na Gávea... E por aí vai... Parece que Maneco tem uma receita de fazer novela, em que nem mesmo o nome dos personagens é preciso trocar. Algumas vezes funcionou, mas não desta.
Agora temos o outro lado da história: das novelas inteligentes, bem humoradas, ágeis, de histórias simples e universais, que, a despeito de horário de rush, de novas tecnologias e concorrência com outras mídias conseguem se sobressair. Temos 3 exemplos recentes:
- Senhora do Destino - mesmo sendo uma reprise, num horário de poucos televisores ligados conseguiu ser a segunda audiência da casa.
- Alma Gêmea - Outra reprise que vem colocando as histórias inéditas no bolso.
- Caras e Bocas - provou que era possível bater nos 40 pontos mesmo num horário tão desfavorável e combalido.
Conclusão:
Independente de horários desfavoráveis, de rush, de enchente, de calor, de período escolar, de concorrência com DVD, vídeo game, internet, tv à cabo e outras tantas parafernálias, o que determina o interesse do telespectador é o conteúdo do produto. Se a história for boa, ele irá assistir, independente do veículo onde esteja sendo veiculada.
Senhora do Destino, Alma Gêmea e Caras e Bocas provam que quando a novela é boa, o público prestigia.
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